Por Camila Maia
(Atualizada às 10h07 da quinta, 18, para correção da meta de 2022, que é a de atingir meio bilhão de reais e não meio milhão de reais) Nascida no sótão de um sobrado no bairro paulistano do Tatuapé, a empresa de iluminação Luminae traçou uma estratégia para ampliar sua atuação, voltada agora também para geração solar distribuída e monitoramento e inteligência. O objetivo, segundo o presidente e fundador da empresa, André Ferreira, é oferecer uma solução completa para clientes que busquem eficiência energética.
A expectativa da Luminae é que, com isso, seu faturamento cresça dos R$ 125 milhões obtidos ano passado para algo próximo de R$ 190 milhões neste ano. A meta para 2022, de atingir meio bilhão de reais, pode ser vista como ousada, mas Ferreira argumenta que se encaixa na trajetória de crescimento da empresa, que viu sua receita mais que dobrar em 2018.
Parte desse crescimento se tornou possível depois que o fundo de investimentos GEF Capital aportou R$ 35 milhões na companhia em 2017. “Isso possibilitou mudarmos para um prédio grande, onde triplicamos nossa capacidade de produção. Trouxemos executivos para fortalecer o time e estruturamos a empresa para crescer”, conta Ferreira. Hoje, a companhia tem 320 funcionários.
Na nova sede, em Osasco, a companhia tem uma unidade fabril na qual são fabricadas as luminárias, feitas sob medida para a necessidade de cada cliente. A companhia é a única importadora autorizada do chip de LED da Nichia, no Japão, e faz a montagem aqui. “A produção é personalizada de acordo com o projeto. Não vendemos luminárias, e sim uma solução completa na qual a luminária é um meio, não um fim”, diz Ferreira. A fábrica tem capacidade de produzir até 3 mil luminárias por dia.
Formado em engenharia elétrica na USP, Ferreira iniciou seus estudos em busca de maior eficiência na iluminação em 2008, quando viu uma brecha no mercado ao constatar que as lâmpadas e luminárias existentes no mercado só aproveitavam 30% da capacidade de iluminação. Depois de um ano fazendo testes com diferentes materiais em um sobrado no Tatuapé, pertencente ao seu avô, ele conseguiu produzir uma lâmpada espelhada com aproveitamento de até 90% dessa capacidade.
Companhia oferece financiamento próprio para investimentos em iluminação, cujo retorno leva de 12 a 18 meses
Foi com essa expertise que a Luminae conquistou o segmento de varejo alimentar, na qual tem importante participação de mercado, segundo estimativas de Ferreira. Desde o ano passado, a companhia tem investido em outros setores, como indústrias e galpões de logística, além de varejo não alimentar.
Apesar dos planos de crescimento em geração solar, a eficiência energética ainda é o carro-chefe da companhia. “A orientação que eu dou é que é sempre mais barato investir em redução do consumo do que em geração. Depois, trabalhamos na geração, com uma demanda menor que vai exigir investimento menor”, explica o executivo.
18/04/2019 Luminae diversifica e investe em geração e monitoramento
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Nesse segmento, a Luminae conta com um FDIC próprio, que permite financiar os clientes com a economia registrada. “O ‘payback’ é curto, de um ano a um ano e meio, e o cliente paga tudo com a economia”, diz. A intenção da empresa é financiar de R$ 50 milhões a R$ 80 milhões em projetos de iluminação em 2019.
No caso dos projetos de geração solar distribuída, os financiamentos têm prazo maior, e a Luminae está buscando soluções híbridas que combinem recursos próprios e bancos comerciais e de fomento. A própria companhia está captando dinheiro de investidores para aplicar em geração solar distribuída, e já conseguiu assegurar cerca de R$ 30 milhões. A Luminae tem 46 megawatts (MW) em projetos de geração solar em desenvolvimento, sendo parte para seus clientes de iluminação.
“Os clientes são os mesmos, fechamos uma cadeia. A ideia é oferecer solução completa de energia, e no meio temos o monitoramento para fazer a gestão do consumo”, explica Ferreira. A Luminae tem, hoje, 500 lojas sob monitoramento. “Até o fim do ano pretendemos ter 2.000 clientes, principalmente varejo. Além de monitorar consumo de energia, iluminação e refrigeração, estamos incorporando monitoramento de água e gás e controles de temperatura.”